• Afinal, para que servem produtos proteicos?

Como não poderia deixar de ser, o avanço da idade traz mudanças profundas no organismo. E na maioria dos casos, ajustes na alimentação são necessários para reverter, desacelerar ou mesmo combater tais alterações e promover um envelhecimento saudável. Mas até para a manutenção de uma alimentação adequada pode haver obstáculos fisiológicos, que vão desde mudanças no apetite até quadros de disfagia1.

A redução da ingestão de alimentos ricos em proteína é uma das deficiências que têm maior impacto na composição corporal, uma vez que esse nutriente é indispensável para a preservação do peso corporal e da massa muscular2, evitando o chamado catabolismo. Nesse contexto, os produtos proteicos para suplementação oral desempenham papel importante na manutenção de um bom estado nutricional.

 

O que são produtos proteicos?

Suplementos ricos em proteínas são antigos conhecidos de quem quer ganhar músculos e frequenta academias. Contudo, a indicação de uso desses produtos vai além disso, observando algumas particularidades de cada quadro.

Não custa reforçar, mas as proteínas são nutrientes formados pela ligação em cadeia de diversos aminoácidos essenciais na composição de todo o organismo e parte indispensável de inúmeros processos corporais2. Um deles é a produção e manutenção de células musculares, além daqueles que formam unhas, cabelos e ossos2.

Além disso, a atuação das proteínas se faz presente no sistema imune, na produção de determinados hormônios, na metabolização de inúmeros processos celulares e, em alguns casos, como fonte de energia3.

Na alimentação do dia a dia existem fontes ricas em proteína tanto em alimentos de origem vegetal, quanto animal. Carnes vermelhas, peixes, ovos, leite e derivados, leguminosas (como soja e feijão) são alguns exemplos do que pode ser colocado no prato para suprir muitas das necessidades proteicas da maioria dos indivíduos, segundo a Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN).

Entretanto, nos casos em que isso não é possível por meio da dieta habitual ou quando é necessário um maior aporte de proteínas, os suplementos proteicos podem ser introduzidos, com o devido cuidado e acompanhamento profissional.

 

Em que situações eles são indicados?

Idosos costumam ser um dos públicos mais beneficiados com a correta administração de produtos proteicos para suplementação oral, principalmente quando levamos em conta a progressiva perda muscular e redução de massa corporal que acompanha o avanço da idade. Na maioria dos casos, isso está associado a alterações fisiológicas que reduzem o apetite e a ingestão calórica1,4

Estudos indicam que indivíduos com mais de 70 anos consomem cerca de 20% menos calorias do que aqueles na faixa dos 20 anos. Isso está associado a uma redução do peso médio desse grupo populacional, em um quadro chamado de “anorexia do envelhecimento” e risco de desenvolvimento de subnutrição4.

Em quadros em que o comprometimento nutricional é maior, destaca-se a sarcopenia, outra condição muito comum, principalmente nos idosos4. Quadros de disfagia, onde a dificuldade de deglutir e engolir os alimentos prejudicam seriamente o estado nutricional também se configura como outro exemplo1.

 

Desse modo, uma abordagem capaz de aumentar o aporte energético e de suplementar a ingestão proteica pode ser extremamente valiosa para mitigar o comprometimento muscular, induzindo à recuperação da síntese proteico-muscular e redução da velocidade do comprometimento muscular.

 

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Quais cuidados precisam ser observados?

Em média, a ingestão adequada de proteína entre homens e mulheres acima de 65 anos deve ficar em torno de 1,2 g/kg/dia6. Isso é um pouco acima da recomendação de 0,8 g/kg/dia, recomendado para adultos saudáveis7.

Desse modo, produtos proteicos podem trazer benefícios para pessoas idosas, se incluídos com o devido cuidado e sob a supervisão de médicos e nutricionistas (principalmente para não afetar a saciedade e os processos metabólicos nas refeições seguintes) e acompanhados da prática adequada de exercícios físicos, sempre que possível.

No mais, é preciso observar a associação de dietas com elevados níveis proteicos com danos à atividade renal naqueles indivíduos idosos com fatores de risco ou prejuízos renais pré-existentes5. Quando se nota um comprometimento da atividade renal, pode haver um declínio acentuado do funcionamento do órgão, o que precisa ser acompanhado por profissionais de saúde qualificados para tal.

 

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Referências:

  1. SBGG. I Consenso Brasileiro de Nutrição e Disfagia em Idosos Hospitalizados. Barueri, SP : Minha Editora, 2011. Disponível em: https://sbgg.org.br/wp-content/uploads/2014/10/Consenso_Brasileiro_de_Nutricao1.pdf. Acesso em março de 2023.
  2. ACSM (American College of Sports and Medicine). Protein intake for optimal muscle maintenance. 2015. Disponível em: https://www.acsm.org/docs/default-source/files-for-resource-library/protein-intake-for-optimal-muscle-maintenance.pdf. Acesso em março de 2023.
  3. GUNNARS, Kris. 9 Important Functions of Protein in Your Body. 2019. Disponível em: https://www.healthline.com/nutrition/functions-of-protein. Acesso em março de 2023.
  4. GIEZENAAR, Caroline et al. Ageing is associated with decreases in appetite and energy intake—a meta-analysis in healthy adults. Nutrients, v. 8, n. 1, p. 28, 2016. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4728642/. Acesso em março de 2023.
  5. CHAPMAN, Ian et al. Rational Use of Protein Supplements in the elderly—Relevance of gastrointestinal mechanisms. Nutrients, v. 13, n. 4, p. 1227, 2021. Disponível em: https://www.mdpi.com/2072-6643/13/4/1227. Acesso em março de 2023.
  6. RAFII, Mahroukh et al. Dietary protein requirement of female adults> 65 years determined by the indicator amino acid oxidation technique is higher than current recommendations. The Journal of nutrition, v. 145, n. 1, p. 18-24, 2015. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0022316622085820?via%3Dihub. Acesso em março de 2023.
  7. PHILLIPS, Stuart M. Current concepts and unresolved questions in dietary protein requirements and supplements in adults. Frontiers in nutrition, p. 13, 2017. Disponível em: https://www.frontiersin.org/submission/submit?domainid=2&fieldid=87&specialtyid=0&entitytype=2&entityid=628. Acesso em março de 2023.

 

Publicado em 17 de Abril de 2024

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