• Obesidade e Doença Renal Crônica: estudo identifica altas taxas de incidência em pacientes com diabetes tipo 1

Além de ser um problema de saúde pública cada vez mais relevante, a obesidade está fortemente relacionada ao desenvolvimento e agravamento de quadros de diabetes tipo 2. Por outro lado, a prevalência da obesidade e seus efeitos não estão bem estabelecidos em portadores de diabetes tipo 1. No mais, a conexão entre obesidade e doença renal crônica na diabetes tipo 1 nunca foi razoavelmente avaliada nesses pacientes.

Com esses objetivos, um estudo feito nos EUA e publicado no começo de 2022 no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism1 identificou que as taxas de obesidade entre pacientes com diabetes tipo 1 cresceram com o passar do tempo e levaram a um maior risco do desenvolvimento de doença renal crônica (DRC). Isso reforça a necessidade de um acompanhamento mais próximo e novas intervenções neste grupo.

 

O desenho do estudo

Para chegar às conclusões apresentadas, os responsáveis pelo estudo (em sua maioria estudantes de doutorado da Universidade John Hopkins) coletaram, junto a um plano de saúde regional do estado da Pensilvânia, dados de pouco mais de 4 mil pacientes com diabetes tipo 1 e de mais de 130 mil pacientes com diabetes tipo 2. As informações englobam um período de quase 15 anos, entre 2004 e 2018.

 

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Para acompanhar a evolução dos pacientes nos aspectos avaliados em relação às condições analisadas, foram considerados como parâmetros.

 

Albuminuria: razão albumina/creatina na urina superior ou igual a 30 mg/g.

 

Os principais achados

A mediana de idade dos pacientes com diabetes tipo 1 era consideravelmente menor do que a do grupo de portadores de diabetes tipo 2: 39 anos contra 62. Com isso, na comparação direta era natural que eles tivessem uma menor prevalência de doenças renais crônicas a partir dos parâmetros de atividade avaliados. Entre os pacientes com diabetes tipo 1, a prevalência foi de 16,1%, enquanto no de diabetes tipo 2 alcançou 30,6%.

Porém, o resultado mudava quando a prevalência de DRC era ajustada pela idade das pessoas avaliadas. Nesse cenário, o grupo com diabetes tipo 1 tinha 16,2% de prevalência, enquanto no grupo com diabetes tipo 2 esse número alcançava 9,3% ao final do período avaliado.

Já em relação à obesidade, notou-se que ela cresceu nos pacientes com diabetes tipo 1 ao longo dos anos de acompanhamento do estudo. Enquanto isso, entre aqueles com tipo 2, a taxa se manteve estável. Em 2004, a obesidade atingia 32,6% daqueles com diabetes tipo 1, enquanto em 2018 o número atingiu 36,8%.

Por outro lado, tanto os números diretos quanto ajustados pela idade indicaram uma prevalência similar de obesidade entre pacientes com diabetes tipo 1 se comparados com a população em geral. Enquanto isso, em portadores de diabetes tipo 2, o número era muito maior, alcançando pouco mais de 60% dos pacientes avaliados no estudo.

Por fim, após avaliação da estimativa de taxa de filtração glomerular (eTFG), a prevalência de índices abaixo do parâmetro, após os ajustes para idade, foi maior nos portadores de diabetes tipo 1 do que no tipo 2, o que indica uma maior predisposição do risco de desenvolvimento de DRC.

A mesma conclusão foi obtida com relação à albuminuria: maior taxa média entre pessoas com diabetes com o tipo 1 da doença, após o ajuste dos dados de acordo com a idade, sexo e raça. Ambos os indicadores apontam o desempenho da função renal e podem indicam comprometimento da atuação desse órgão.

A importância do acompanhamento

Tanto no diabetes tipo 1 quanto no diabetes tipo 2, a obesidade estava relacionada a um maior risco do aparecimento de problemas renais. Além disso, pessoas com diabetes tipo 1 apresentavam uma chance maior de problemas, mesmo quando feitas as correções por idade dos pacientes incluídos no estudo. Por outro lado, a hipertensão tem relação complexa com a doença renal crônica e pode ser um mediador importante na relação obesidade e DRC.

De qualquer forma, os achados reforçam a tendência de um aumento de quadros de obesidade e doença crônica renal em pacientes com diabetes tipo 1, que nem sempre recebem a atenção necessária em relação a esses aspectos. Com isso, profissionais que prestam assistência a esses pacientes devem fortalecer o acompanhamento para evitar desfechos piores nesses grupos.

 

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Referências:

 

  1. WALLACE, Amelia S. et al. Obesity and chronic kidney disease in US adults with type 1 and type 2 diabetes mellitus. The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, v. 107, n. 5, p. 1247-1256, 2022. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC9016431/. Acesso em janeiro de 2023.

 

Publicado em 10 de Janeiro de 2024

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